"O medo só atrapalha" - Helena.
Com essa frase simples mas cheia de significado, dita por uma menina de apenas 8 anos à Marcela, iniciamos o texto sobre o Paraguai, depois de cruzarmos o país por um mês, entre maio e junho de 2015.
Antes de entrar no território paraguaio ouvimos muitas histórias de outras pessoas, umas boas e muitas não tão boas. Entre os países sulamericanos, ele é o que possui menos informações na internet; parece um país "esquecido". Conhecê-lo era algo que desejávamos muito, queríamos vivenciá-lo, e com essa experiência formar nossa própria opinião.
Como é a alimentação paraguaia? Como são suas estradas? É seguro viajar aí? Que moeda utiliza e quais são seus custos? Onde podemos dormir? Que lugares visitar? São essas perguntas que pretendemos responder neste texto sobre o Paraguai.
O idioma
Uma nação bilingue. As línguas oficiais, ensinadas nas escolas, são o Guarani e o espanhol, sendo a primeira a mais usada no interior e a última a mais usada na capital Assunção. Particulamente gostamos da manutenção da língua herdada dos indígenas Guaranis, o que aconteceu apenas no Paraguai, apesar de eles originalmente habitarem a região onde hoje está o Paraguai, sul do Brasil e norte da Argentina. Como ela não vem do latim, como o português e o espanhol, sua compreensão para nós é extremamente difícil; para os paraguaios, isso é um trunfo que os ajudou na época da Guerra do Paraguai, e que os ajuda até hoje em competições esportivas.
Moeda e gastos
No Paraguai, a moeda utilizada é o Guarani (clique aqui para saber mais). Os valores dos produtos e serviços que usamos diariamente são parecidos com os valores brasileiros, e aqui também vale a regra que diz que quanto mais perto da capital, mais cara a vida se torna.
Estradas
Excelentes estradas planas com bons acostamentos, que muitas vezes dividimos com motocicletas, que vem com até quatro ocupantes, normalmente sem capacete. Os motoristas respeitam os ciclistas, inclusive os caminhoneiros, que reduziam a marcha e faziam um grande desvio para nos ultrapassar. O respeito ao ciclista se extende às maiores cidades, como Assunção e Encarnación, o que fez com que pedalássemos com maior tranquilidade aqui do que no Brasil.
Para dormir
Chamou nossa atenção as cidades estarem ao redor das estradas. Assim, sempre havia uma casinha, um mercadinho, uma chácara, com pessoas para nos acolher, ou pelo menos para nos dar informações. Com ou sem nossa barraca dormimos algumas vezes em delegacias de policia (3), quintais, casas de conhecidos e hospedagens baratas. As pessoas são bastante receptivas, dispostas a ajudar, e normalmente te acolherão se você necessitar.
Segurança
Apesar dos conflitos e dos alertas que nos deram (exclusivamente de brasileiros), não vivemos nenhum momento de insegurança, seja por parte de alguma suposta guerrilha ou da polícia. Na verdade vivemos o oposto. A polícia sempre nos apoiou e nos acolheu quando dela necessitamos, e a versão que escutamos de um brasileiro que vive no Paraguai sobre a guerrilha é que ela agiu contra grandes proprietários de terra que chegaram ao país impondo a força do dinheiro, isolando pequenos proprietários paraguaios e ainda por cima fomentando a exploração sexual de meninas menores de idade.
Alimentação
É à base de mandioca, milho e carne. As preparações mais tradicionais, para nossa alegria, não contém carne, como as chipas e a sopa paraguaya (uma espécie de bolo salgado de milho), além da tortilha de trigo e da empanada de milho. Aqui se come muita carne e a mandioca cozida sem sal acompanha todas as refeições. Não há o costume de comer verduras, e os legumes mais consumidos são a cenoura, a batata, o tomate e a cebola. Isso vale mais para o interior do país, pois nas grandes cidades se encontra de tudo, muita comida industrializada. Aqui também aprendemos uma receita vegetariana paraguaia, o borí borí. Quer aprender também? Clique aqui.
O que visitar
O Paraguai tem uma beleza incrível a ser "descoberta". Florestas, pântanos, planícies, montes, colinas e muita história. Em nosso trajeto, passamos por lugares interesantes:
- O parque Cerro Corá, perto de Pedro Juan Caballero, além de ser uma reserva natural, tem grande importância histórica, pela Guerra do Paraguai.
- Passeio de barco pelo rio Paraguai, de Concepción até Assunção, que gostaríamos de ter feito, e que acontece a cada 15 dias.
- Caacupé, cidade da padroeira do Paraguai, que recebe todo dia 8 de dezembro paraguaios peregrinos que saem de todo o país de bicicleta, em direção à sua igreja.
- Ponte de ferro de Fulgêncio Yegros, perto da cidade de Yuty, departamento de Caazapá, uma ponte linda com estrutura de ferro e caminho de madeira que permite a passagem de um veículo por vez. Atravessá-la é uma pequena aventura.
- Bellavista, a capital da erva mate, onde há a possibilidade de visitar duas grandes produtoras da erva, um dos símbolos culturais do país, e ver todo o processo de produção, desde o plantio.
- Missões jesuíticas. De tudo o que vimos é o que tem o maior potencial turístico; são 7 missões no Paraguai, construções dos séculos XVII e XVIII feitas por jesuítas e guaranis, que contam um pouco da história do Paraguai e da colonização. As missões de Jesús e de Trinidad contam com espaço para camping e guias que explicam a história do lugar.
- Para um turismo mais elitizado, há uma linda avenida à beira do Rio Paraná na cidade de Encarnación, conhecida como "Costanera", que conta com hotéis, resturantes e lanchonetes, praia, pistas de caminhada, aluguel de bicicletas e wi-fi livre.
O Paraguai nos surpreendeu e nos encheu de vontade de continuar vivenciando os países. Sentimos a curiosidade, o carinho e o apoio das pessoas; vimos um povo simples, acolhedor e orgulhoso de ser paraguaio.
Que venha a Argentina!!! \o/ \o/