top of page
  • Alan Mortean

Chile!

Atualizado: 8 de abr. de 2020


- Conhecendo o Chile -

Este texto é sobre o Chile, o último país da primeira parte do Projeto Ciclos. Em pouco mais de um ano completamos um terço da viagem, cujo destino final é o México. Como nos textos que escrevemos sobre o Paraguai, Uruguai e Argentina, as perguntas que nos nortearam para escrever este texto foram: como é o idioma falado no Chile? Que moeda utiliza e quais são os seus custos? Como são suas estradas? Onde podemos dormir? É seguro viajar aí? Como é a alimentação chilena? Que lugares visitar?

Idioma

O idioma oficial chileno é o espanhol, falado nos lares e ensinado nas escolas. Mas, mais que o espanhol, eles são capazes de falar ‘chileno’, pois podem usar tantas gírias numa frase que mesmo uma pessoa que fala espanhol como idioma nativo pode não entender nada do que eles dizem. “Chiquillos, aquí está fome. Nos sean ueónes, vamos a otro lugar al tiro, ¿cachay?” (A tradução seria algo como: galera, aqui está ruim. Não sejam manés, vamos para outro lugar agora, beleza?)

Moeda e gastos

A moeda chilena é o ‘Peso chileno’. Aqui não tivemos problemas para sacar dinheiro em caixas eletrônicos, como tivemos na Argentina. No período em que estivemos aqui, outubro de 2015 a abril de 2016, a cotação era mais ou menos de $180,00 (pesos chilenos) para cada R$1,00. O salário mínimo é de $280.000,00, o que seria um pouco mais de R$1.500,00. A mão de obra é cara em relação aos países vizinhos; o custo de vida em geral nos pareceu um pouco mais caro que no Brasil, principalmente quando analisamos a comida em geral. Para comer em um restaurante sem luxo, gasta-se tranquilamente $9.000,00 por pessoa. Os itens mais baratos são os derivados da farinha de trigo, a batata e a maçã (apesar desta última poder custar mais de $1.000,00 por quilograma). O vinho é bem mais barato que no Brasil; com $2.000,00 a $3.000,00 se compram bons vinhos chilenos. Comparado com a Argentina, os preços dos ônibus são bem menores.

Estradas

Geralmente, na região central e sul do país, o relevo pode ser separado em três, de leste a oeste: Cordilheira dos Andes, depressão central e cordilheira da costa. A leste há a cordilheira dos Andes, com altitudes que chegam aos três, quatro ou cinco mil metros sobre o nível do mar; no centro há uma depressão, que é um terreno essencialmente plano, onde está a principal estrada chilena, a Ruta 3 (ou Ruta Panamericana), que corta o país de sul a norte; a oeste está a cordilheira da costa, que, apesar do nome amedrontador, não se compara com o relevo da Cordilheira dos Andes, e possui partes planas, que também podem ser chamadas de planícies costeiras. No norte do país, junto com o deserto vem muitas subidas e altitudes de pelo menos dois mil metros.

As estradas são muito boas, e quase sempre com acostamento. Bicicletas e pedestres são respeitados, tanto que o pedestre chileno é até descuidado ao atravessar a rua, pois, estando na faixa de pedestres, ele quase nem olha para ver se vem carros, pois os carros param sempre para os pedestres.

Para dormir

No Chile usamos bastante a rede de hospedagem gratuita Couchsurfing (www.couchsurfing.com), principalmente no sul e centro do país, e sempre fomos muito bem acolhidos por pessoas que viviam sozinhas, por casais e por famílias. Nas cidades sempre há ao menos uma opção de hospedagem, para quem quer pagar, mas para nosso orçamento eram sempre bastante caras ( por exemplo, numa pequena cidade no sul do Chile, Panguipulli, a hospedagem mais barata que encontramos foi um quarto simples por cerca de R$150,00 por dia).

Segurança

A polícia chilena, chamada “Carabineros de Chile” goza de boa reputação junto à população, algo inédito até aqui em nossa viagem. Nos outros países onde passamos, a população sempre tem um pé atrás com a polícia, mas não no Chile. Com exceção da cidade de Valparaiso, não sentimos insegurança em nenhum momento no país, e algumas vezes dormimos em frente a delegacias de polícia. Em Valparaiso houve apenas sensação de insegurança, nada mais que isso, principalmente pelo lugar onde ficamos hospedados quando fazíamos um trabalho voluntário, onde nossa anfitriã estava sempre falando sobre insegurança e roubos.

Alimentação

A base da alimentação é o trigo, na forma de saborosos pães, que normalmente comem com palta (uma espécie de abacate pequeno). Um hábito peculiar é que normalmente os chilenos não jantam, mas “tomam once”, que é uma espécie de café-da-tarde, onde pode haver de tudo: pao, palta, tomate, manteiga, rosquinhas, tortas, café, etc. Aqui a cultura do mate não se compara com o que vimos desde o Paraguai; o café em pó solúvel e o chá são mais presentes aqui. Nossa alimentação aqui incluía batata, chuño (fécula de batata), champignons frescos, morangos e cerejas baratos e muito gostosos no verão, e claro, vinho. No verão também encontra-se framboesas e arándanos, mas mesmo aqui, onde se produz muito, eles são caros. Outra opção vegetariana fácil de encontrar nas fruterias é uma alga chamada cochayuyo, naturalmente rica em iodo, mas que nós não gostamos por causa do seu intenso sabor de mar.

A água no Chile é bastante segura para tomar direto da torneira, apesar de que nas cidades costeiras ela ter um gosto particular. No país há muitas minas, e há pessoas que desconfiam que a água que chega as torneiras está contaminada pela mineração.

A receita vegetariana chilena que aprendemos foi a Tapioca de Chuño. Quer aprender também? Clique aqui.

O que visitar

As nossas sugestões de lugares para visitar estão colocadas geograficamente, de sul a norte, desde o Passo Hua Hum, por onde entramos no Chile cruzando um lindo lago ao lado de um vulcão, até o Passo Jama, por onde saímos do país. Ressaltamos que há muito mais atrativos turísticos no Chile do que colocamos aqui; esta é apenas nossa experiência.

  • Parque de Huilo Huilo: está perto do Passo Hua Hum, e perto da cidade de Panguipulli, no sul do país. É um parque privado que nós não visitamos, mas que dizem que é lindo. Ali perto também há um famoso hotel feito sobre árvores.

  • Casas de Pablo Neruda (Isla Negra, Valparaiso e Santiago): as três casas onde o poeta chileno ganhador do prêmio Nobel viveu hoje são patrimônio da Fundação Pablo Neruda, e são exploradas turisticamente. As três são bem estilosas, e mostram um pouco da vida do poeta, que morreu dias depois do golpe militar no Chile.

  • Praia de Canelo e Canelillo: estão na cidade de Algarrobo, sudoeste de Santiago; seu encanto está em misturar bosque com uma bonita praia e uma área de nidificação de aves em uma rocha gigante ao lado da praia.

  • Valparaiso: a capital cultural e boêmia do Chile. O que mais gostamos na cidade foi de seu mercado central, com os melhores preços de frutas e legumes que encontramos no país. Para quem busca vida noturna, é um paraíso.

  • Museu de la Memoria: em Santiago, um museu dedicado ao período em que o Chile passou por um golpe e ditadura militares, de 1973 a 1990. Nos impressionou muito, tanto que escrevi um texto especial sobre esse museu. Veja.

  • Zapallar: uma cidadezinha costeira num morro com lindas praias e muito verde, a noroeste de Santiago.

  • Valle del Elqui: desde a cidade de La Serena é possível adentrar no Valle del Elqui, um vale verde cercado por deserto. Ali está a grande região produtora de pisco chilena, e também alguns observatórios astronômicos. No vale há vários povoados, e a principal cidade é VIcuña, com 30 mil habitantes.

  • Museu de Gabriela Mistral en Vicuña: Gabriela Mistral, professora, escritora e diplomata chilena, com um grande pensamento humanista. Esse é um dos vários museus gratuitos distribuídos por todo o Chile. Para saber quais são os outros, clique aqui.

  • Represa de Puclaro: no Valle del Elqui é possível visitar a barragem da represa Puclaro, uma paisagem muito diferente das que estamos acostumados no Brasil: água azul turquesa e entorno com montanhas desérticas.

  • Observatórios astronómicos: no deserto de Atacama, o deserto mais árido do mundo, estão localizados importantes observatórios astronômicos, onde é possível realizar visitas. Nós visitamos gratuitamente o Observatório La Silla.

  • Bahia Inglesa: um oásis no deserto; um povoado, uma praia linda com areia branca e água azul bastante visitada por estrangeiros.

  • Ex salitreras: no caminho de Antofagasta até Calama, no norte do Chile, ao lado da estrada há várias cidades-fantasma, que no início do século XX tiveram seu auge, na exploração de salitre, ou nitrato, utilizado em fertilizantes químicos. É possível visitar as ruinas, cemitérios, quase sempre gratuitamente, e assim tentar imaginar como era a vida ali há um século atrás.

  • Mina de cobre de Chuquicamata: ao norte de Calama está a maior mina de cobre a céu aberto do mundo, e é possível visitá-la gratuitamente. Informacoes aqui.

  • San Pedro de Atacama: um povoado essencialmente turístico localizado no norte do Chile. Lá se encontram turistas de todo o mundo, e muitos brasileiros. Ruas estreitas, de terra e construções de barro garantem o charme do lugar. Ao redor de San Pedro há muitos atrativos turísticos, como o popular Valle de la Luna, e a Quebrada del Diablo, duas das atrações que visitamos.

O chile foi o país onde mais tempo permanecemos durante o Projeto Ciclos, até o momento. Foram quase seis meses de estadia, sendo que em mais de três estivemos trabalhando (trabalho voluntário e pago, aproveitando o alto preço da mão de obra). Aqui fizemos bons amigos, tivemos várias experiências de vida e vimos lugares lindos, como a Quebrada del Diablo.

Chi chi chi, le le le, viva Chile! E que venha a Bolívia!!! \o/ \o/

37 visualizações0 comentário
bottom of page