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  • Alan Mortean

Bem-vindos ao Chile

Atualizado: 8 de abr. de 2020


Diário de bordo 16 - Projeto Ciclos

Nos despertamos mais cedo do que eu gostaria, às 7 da manhã. Pedalamos um pouco, no Passo Hua Hum, e passamos pela aduana argentina, que cruzamos com tranquilidade. Mais alguns quilômetros adiante e avistamos a placa “Bienvenidos a Chile”. Assim cruzamos a fronteira do quinto país da viagem!!!

Foto 1: Bienvenido a Chile!!!

Na aduana chilena desmontamos as malas das duas bicicletas e passamos tudo pelo raio-x. Não podíamos entrar no país com nada que pudesse levar algum organismo vivo ou doença para o território chileno. Assim, comemos umas bananas e maçãs que ainda tínhamos. Temperos, polenta preparada, duas batatas assadas e uns comprimidos de levedura de cerveja que levávamos foram permitidos.

Da aduana pedalamos mais 12Km numa estrada de rípio (brita com terra) com pedras soltas, subidas e descidas, até chegarmos ao porto de Pirihueico, onde tomamos uma “barcaza” (um barco) até o Porto Fuy, um bonito trajeto de uma hora e meia pelo lago Pirihueico, onde é possível observar o vulcão inativo Choshuenco. Aliás, de vulcões o Chile está cheio!!

Foto 2: Primeiro dia no Chile, Lago Pirihueico.

Sem saber onde dormiríamos, fomos pedalando por uma estrada de rípio bastante movimentada e com bastante pó, e, perguntando aqui e ali, decidimos parar num pequeno povoado chamado Choshuenco, que está nos pés do vulcão. Lá dormimos na recepção de um camping desativado. Não passamos por nenhum caixa eletrônico nem lugar para trocar moeda, então, depois dos últimos dias gourmet na Argentina, voltamos à alimentação simples, jantando polenta com arroz.

No dia em que cumprimos 7 meses de viagem, 24/10/2015, chegamos até a pequena, mas turística Panguipulli. No caminho, asfaltado, com quatro lindos miradores, pudemos sentir a diferença que há entre o lado chileno e o argentino próximo aos Andes. O chileno é bem mais húmido, o que se nota pela vegetação, que inclusive apresenta um tom de verde bastante diferente: há árvores com folhas cor verde fosforescente. A umidade sentimos na pele, pela chuva que caiu em alguns momentos, mas que se intensificou mesmo logo depois que chegamos na cidade. Ela nos manteve presos aí por dois dias, e tivemos que pagar uma hospedagem pois não encontramos um lugar coberto para armar a barraca.

Foto 3: Isla Gabriela, circuito siete lagos, Chile.

Enquanto estávamos em Panguipulli conhecemos um pouco mais o Chile: a Marcela sentiu um tremor de terra enquanto eu estava num mercado comprando comida. Foi um tremor leve, que eu inclusive nem notei, e depois descobrimos que esses pequenos tremores são comuns, e que há um site do governo chileno onde é possível acessar um banco de dados sobre todos os tremores registrados no território... e lá constava o tremor que a Marcela sentiu, hehe.

A partir daí, com o auxílio das redes Couchsurfing.com e Warmshowers.org e também do Facebook, conseguimos vários contatos que se ofereceram para nos receber. Assim foi em Lanco, Pitrufquén, Temuco e Victoria, nossas próximas paradas.

No dia em que saímos de Panguipulli, uma segunda-feira, o dia amanheceu com chuva. A perspectiva era de começarmos o dia pedalando sob água, o que não é muito prazeroso. A Marcela queria ficar mais um dia, mas eu insisti que saíssemos, o que foi bom pois o tempo melhorou e o sol veio. Na saída passamos em um hortifrúti (dizem “frutería” aqui), e ganhamos uma sacola com frutas e legumes doados. Nosso café-da-manha incluiu uma saborosa “palta” (espécie de abacate pequeno), num dia de pedal tranquilo num terreno quase plano na Ruta CH 103.

Foto 4: Encontrando com o Pacífico.

Em Lanco estivemos na casa de Rosário e Vicente, um casal chileno da capital Santiago que foi a Lanco para viver uma vida mais tranquila. Ali ficamos bem à vontade, nos levaram para conhecer o litoral Pacífico e joguei futsal numa noite com amigos. Além disso, levei meu tênis para consertar, pois estava numa situação deplorável, e acabei ganhando um novo par do sapateiro, que se interessou pela nossa viagem e quis fazer uma contribuição. Aceitei a doação de bom grado!!!

Nossa próxima parada foi Pitrufquén, para onde nos levou a grande Ruta 5, a estrada principal do Chile, que corta todo o país, de norte a sul, e está toda duplicad , assemelhando-se à rodovia Castelo Branco, de São Paulo. Aí ficamos na casa de amigos que fizemos em Lanco, e mais uma vez ganhamos presentes: tangerinas de um vendedor de frutas ambulante e maçãs de dois meninos que vieram falar conosco, curiosos. Assim vamos ficar mal acostumados =D.

De Pitrufquén seguimos para Temuco, num trajeto em que o movimento na estrada triplicou em relação ao dia anterior, e foi bastante desagradável pedalar, pois não transitávamos num transito carregado e ruidoso assim há bastante tempo. Também não sabíamos que Temuco era uma cidade grande e cheia de carros, e, como a maioria das grandes cidades da américa latina, não preparada para o transporte cicloviário. Acabamos empurrando as bicicletas pelas calçadas, para nossa segurança.

Como nem tudo é negativo, com dicas de Camilo, aproveitamos o centro comercial da cidade e compramos uma bolsa de guidom e uma câmera nova pra Marcela, que está querendo aperfeiçoar suas fotos. Camilo, um cicloturista chileno que já viajou bastante pelo Chile e Bolívia, e que fez vários passos de montanha entre o Chile e a Argentina, foi quem nos recebeu na casa de sua família, e nos deu vários conselhos para pedalar no Chile.

Foto 5: Ruta 5.

Para sair de Temuco demoramos cerca de duas horas, mas conseguimos, hehe. No caminho a Victoria, pela Ruta 5, paramos numa barraca na beira da estrada para provar o “Mote con huesillo”, uma sobremesa tradicional chilena. Iremos fazer uma postagem sobre ele, com mais detalhes, no futuro. Depois de 84Km chegamos à casa de Eduardo e família, que foram grandes anfitriões, nos recebendo com os braços abertos e muita alegria. Eles estavam bastante interessados em nossa viagem, e nós em aprender sobre a cultura chilena... Conversamos bastante, e comemos muito bem, inclusive provando uma “rica” (saborosa) cerveja artesanal chilena feita com arándanos.

Foto 6: Barracas conde encontramos queijo artesanal, tortillas de rescoldo

Nossas próximas paradas são: Angol, na casa de um escritor; Talca, com uma blogueira brasileira e seu namorado; e San Fernando, onde pretendemos ir conhecer vinhedos. Vamo que vamo, porque o Chile só começou!!!

Foto 7: AL NORTE

Informação do percurso

Mapa do percurso

Dia 214 ao 224 - 23/10/2015 a 2/11/2015

De: Chachín, Parque Nacional Lanín, Argentina

Para: Victoria

Gastos até agora: R$12.557,89

Gastos por dia: R$56,06

Distância pedalada até agora: 2915km

Distância percorrida de carona, de ônibus, de barco e de trem até agora: 6151km

Furos de pneu até agora: 10

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