"É possível falar de solidariedade numa economia baseada na competição impiedosa? Até onde chega nossa fraternidade…" – Pepe Mujica – ex-presidente do Uruguai.
Com uma das várias lindas frases proferidas por Mujica, iniciamos o texto sobre o Uruguai, depois de cruzarmos o país por pouco mais de um mês, entre julho e agosto de 2015.
Imaginávamos o Uruguai como um país tranquilo e rural, onde passaríamos o inverno trabalhando. O que sabíamos daqui é que seria difícil encontrar um centro de permacultura (o que se confirmou depois), e que esta é a terra de Mujica, o presidente que ficou famoso no mundo por sua simplicidade e por suas ações de vanguarda, como a legislação nacional sobre a maconha.
Como no texto que escrevemos sobre o Paraguai, as perguntas que nos nortearam foram:
Como é o idioma falado no Uruguai? Que moeda utiliza e quais são os seus custos? Como são suas estradas? Onde podemos dormir? É seguro viajar aí? Como é a alimentação uruguaia? Que lugares visitar?

Foto 1: Dolores, Uruguay.
O idioma
A língua oficial uruguaia é o espanhol, falada nos lares e ensinada nas escolas. Contrastando com o Paraguai, uma nação bilíngue com bastante influência indígena, a influência indígena nos costumes uruguaios é pequena, restringindo-se basicamente ao hábito de tomar mate (chimarrão).
Moeda e gastos
A moeda uruguaia é o “Peso Uruguaio” , mas o dólar também é aceito no país; inclusive é possível realizar pagamentos com cartão de crédito em dólar. A cotação do Peso Uruguaio em relação ao Real era de aproximadamente 8 para 1, ou seja, 8 Pesos valiam 1 Real. Os preços dos produtos são parecidos com os do Brasil, com exceção do queijo, que é mais caro. Os itens mais baratos geralmente eram os derivados da farinha de trigo, abóbora, batata doce e sucuolentas mexericas, que estavam na época de colheita.

Foto 2: Ponte de Ferro.
Estradas
O relevo é essencialmente plano, e as estradas por onde passamos, seguindo o rio Uruguai, são boas e geralmente com bons acostamentos. Não há muito tráfego, os motoristas são gentis e respeitam os ciclistas, inclusive os caminhoneiros.
Para dormir
A população uruguaia está concentrada na capital, Montevideo, onde vivem 2 milhões de pessoas; o restante da população está espalhada por todo o país, em pequenas cidades. Todos os dias, pedalando até 70km, dormimos em alguma cidade ou povoado. Na beira do rio Uruguai ou de algum de seus afluentes, geralmente há “costaneras”, que são ruas ou avenidas que margeiam a costa, onde geralmente há espaços verdes com banheiros, água e iluminação pública, mas sem ducha, onde podíamos acampar. Para quem não deseja acampar, sempre há ao menos uma opção de lugar para ficar, seja uma pousada ou um hotel simples.

Foto 3: Camping.
Segurança
Sempre respiramos um ar de tranquilidade no país. O fato de termos passado sempre em pequenas cidades, de poucos milhares de pessoas, contribuiu para isso. Várias vezes acampamos em lugares abertos, sem passarmos por nenhuma situação de insegurança.

Foto 4: Pascualina, torta assada de acelga e ovos. "Muy rica"
Alimentação
A base da alimentação é o trigo e a carne. O pão, de vários formatos, texturas e sabores, acompanha todas as refeições; pizza e massas são fáceis de encontrar também. A carne bovina é indispensável; tanto que o país lidera o ranking mundial no consumo de carne bovina por pessoa, chegando a quase 60Kg por ano. Para vegetarianos não há muita variedade de alimentos disponíveis, mesmo assim aprendemos uma receita vegetariana uruguaia.
O que visitar
O lado turístico mais conhecido do país é sua costa leste, no Oceano Atlântico. Nosso caminho foi no lado oposto, a costa oeste, que margeia o Rio Uruguai, onde pudemos conhecer lindos lugares:
- Termas. Há várias termas nos departamentos (estados) de Salto e Paysandú. Ficamos quase um mês em Termas de Dayman, onde é normal ver pessoas de roupão pelas ruas, um ótimo lugar para passar a temporada de frio.
- Pequenos povoados, como San Javier, Nuevo Berlín e Villa Soriano. São encantadoras e pequeninas cidades às margens do rio Uruguai ou de algum de seus afluentes, onde vivem pessoas simples e receptivas, e onde há bonitos espaços às margens do rio para acampar, para sentar-se a conversar e tomar um mate, e para fazer um “asado” (carne assada).

Foto 5: Ruta 21
- Colônia del Sacramento. Possui um bonito e bem preservado centro histórico, com infraestrutura turística bem desenvolvida. Ali encontram-se turistas das américas e Europa.
O Uruguai foi um país tranquilo, com uma população amável, que nos surpreendeu positivamente pelas Termas de Dayman (onde, além das termas pudemos visitar uma usina de energia solar) e pelos pequenos e charmosos povoados à beira do rio Uruguai.
Viva o Uruguai, e que venha a Argentina!!! \o/ \o/