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  • Foto do escritorOs Antípodas

Projeto Ciclos - Diário de Bordo 4

Atualizado: 7 de abr. de 2020


Dia 49 ao 70 - 11/5/2015 a 01/06/2015

De: Assunção, Paraguai

Para: Encarnación, Paraguai

Gastos até agora: R$2.179,00

Gastos por dia: R$31,00

Distância pedalada até agora: 1003km

Distância percorrida por outros transportes até agora: 889km

Furos de pneu até agora: 2

Projeto Ciclos

Depois de uns dias de descanso e muito trabalho no site, saimos de Assunção. O dia estava nublado mas não chovia, o que era um ótimo sinal para uma boa pedalada. Seguimos para o departamento de Paraguarí, cidade de Sapucai, onde se encontra o centro de permacultura Takuara Rendá. 95km separavam a capital de nosso próximo destino, e sendo assim, teríamos que arrumar um lugar para dormir antes de chegarmos. Não tínhamos ideia de onde passaríamos a noite, mas estávamos confiantes que algo bom iria acontecer. E assim foi. Depois de pedalar 52 km, decidimos pedir abrigo em uma loja de ferramentas, no municipio de Yaguarón; o dono não nos deixou ficar em seu terreno, mas não nos deixou na mão, indicou outro local. Montamos acampamento em um lugar seguro, ganhamos comida (mandioca cozida e chipa paraguaia) e muitos sorrisos curiosos.

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Foto 1: Acampamento em Yaguarón. Muito frio ao levantar.

Durante a noite fez muito frio e levantamos com vontade de continuar na cama; uma neblina baixa e o frio cortante marcaram nossa saída. Passamos por Paraguarí, capital do departamento e tomamos um "cosido" negro (parecido com o chá mate) que esquentou nossos corpos para continuar a viagem. Cruzamos lugares lindos, uma paisagem composta por cerros (formação rochosa) em meio a uma planície, que deixava a viagem encantada.

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Foto 2: Belas paisagens nas estradas paraguaias.

Nosso destino era o centro de permacultura Takuara Rendá, mas para chegar até o centro tivemos uma surpresa: teríamos que subir o Cerro Roke! Isso mesmo, uma das formações rochosas que se espalham pelo Chaco Úmido paraguaio; foram 4km de muita subida em estrada de chão, empurrando as bicicletas carregadas. Por essa realmente não esperavámos...

No Takuara ficamos por 11 dias, trabalhando, aprendendo e vivenciando o Paraguai rural, experiência incrível. Fizemos um texto especial para o Takuara rendá, vale a pena ver.

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Foto 3: Trabalhando na horta orgânica, Takuara Rendá.

Muita chuva marcou nossa última noite no Takuara Rendá. Quase não dormimos, acordamos cansados, mas dispostos a seguir viagem. Protegidos para pedalar debaixo de água, afinal seria nossa estreia no pedal chuvoso. O tempo fechado é bom, pois não tem o sol forte, assim ficamos um pouco mais na estrada, mas é ruim pelo desconforto da roupa, se está molhada, pelos equipamentos que podem molhar e pelo frio que sentimos quando paramos para comer.

Próximo destino: Villarrica, capital do departamento de Guaira, onde tínhamos um contato da rede de hospedagem gratuita Couchsurfing (www.couchsurfing.org). Luis Cáceres, médico anestesiologista, nos recebeu em sua casa, que era na verdade um apartamento horizontal, já que não se encontram prédios no interior, somente na capital do país e cidades de fronteira. Ficamos ali 2 dias para conhecer um pouco da cidade e atualizar o site.

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Foto 5: Iglesia Yvaroty ou Nuestra Señora del Asunción, Villarrica.

O sol anda sumido por essas bandas e parece que não vai aparecer tão cedo, então seguimos para Caazapá sem a sua presença. A chuva apareceu algumas vezes e após percorrer 55km chegamos ao nosso destino. Bem, a ideia era encontrar um lugar barato para nos hospedar, pois os próximos dias seriam de pedalada constante e talvez pegaríamos um trecho de terra. Mas os planos mudaram, pois como não encontramos nenhum lugar barato e ainda estava cedo, uma e meia da tarde, decidimos seguir. Pergunta aqui, pergunta ali e realmente não tinhamos outra resposta, o caminho era mesmo de terra. As pessoas dizam que com a chuva não estava bom para passar e que seria melhor esperar o sol sair para continuar. Ora, mas como asssim!? Ficar preso na cidade não estava nos planos e uma bike passa em qualquer cantinho. Sim, vamos continuar!! A próxima cidade estava a 11km e gastaríamos no máximo 1h30m para atravessar. Doce engano, realmente não estava nada boa a estrada, e gastamos 3h30m para fazer este pequeno trajeto, muito esforço, muita lama, vários momentos de tensão e um grande aprendizado.

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Foto 6: Bike - Barro! Trecho muito complicado no Departamento de Caazapá.

Quando chegamos a Coronel Maciel, cansados, procuramos um lugar para ficar, a cidadezinha não devia ter mil habitantes, então hotel só em nosso sonhos. Foi a pimeira vez que fomos acolhidos na delegacia de polícia (dizem Comisaría aqui no Paraguai), que nos arrumou um cantinho seguro e tranquilo para nos acomodar e nos recuperar. Choveu forte durante toda a noite, o que representava uma piora ainda maior na estrada. Não dava para seguir pedalando, então precisavámos de uma carona para chegar até a cidade de Yegros ou Yuty, nesta última voltaríamos a ter asfalto. Saímos da delegacia desacreditando que seria possível, mas eis que surge um caminhãozinho e nos auxilia, não foi preciso esperar nem um minuto. Que alegria!

Chegamos a Yegros, cidade colônia alemã, e nos acomodamos em uma hospedaria bem barata, mas com muito conforto e água quente (precisavámos tomar um banho e tirar toda a lama, nossa e das bicicletas). Ficamos na cidade por dois dias e quando o sol apareceu, tímido, seguimos viagem pela estrada de terra até Yuty. Chegamos bem rápido em Yuty e seguimos para Leandro Oviedo com o asfalto presente novamente. Dorminos na delegacia e partimos para La Paz (não é a capital da Bolivia =D). La Paz é uma cidade Japonesa - paraguaia, com muitos latifúndios e fábricas de farinha.

Decidimos fazer um caminho alternativo, um pouco mais longo, pois queríamos conhecer as Misiones Jesuísticas, Jésus de Tavarangue e Santísima Trinidad del Paraná, e assim percorremos alguns km desde de La Paz até Jésus. As misiones foram declaradas patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO em 1993, são construções fundadas pelos Jesuítas com a tarefa de evangelizar os indígenas da América do Sul. Jésus foi a última a ser construída e não pode ser finalizada devido a conflitos de poder na corte espanhola que resultaram na expulsão dos jesuítas do país. No mesmo dia seguimos para Trinidad, cidade onde as construções foram finalizadas e se pode apreciar a beleza arquitetônica e histórica do século XVII.

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Foto 7: Mision Jesuítica de Jésus de Tavarague.

Após conhecer e vivenciar um momento importante na história do Paraguai, seguimos para nossa última cidade no país, Encarnación. Dormimos num camping nas misiones de Trinidad. Partimos com uma forte neblina às 9hs da manhã, e assim enfrentamos muitas subidas e descidas antes de chegar à cidade. Como num Ciclo que se encerra, finalizamos nossa passagem pelo Paraguai completando nossos primeiros 1.000 km pedalados. Faltam 17 mil agora. Vamo que vamo!!!

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