“Se planejamos para 1 ano, plantamos arroz. Se planejamos para 10 anos, plantamos árvores. Se planejamos para 100 anos, educamos pessoas” – antigo provérbio chinês
Se fôssemos ao século XIX e trouxéssemos um médico para um consultório ou uma sala de cirurgias no século XXI, ele não saberia o que fazer, dadas as enormes mudanças que ocorreram na medicina desde então. Se fizéssemos a mesma coisa com um professor, ou seja, lhe colocássemos numa sala de aula no século XXI, ele calmamente poderia pegar o giz e sair escrevendo no quadro negro, sem nem notar a mudança de tempos.
Seguindo o raciocínio do texto “A educação proibida 1”, onde se discute sobre nosso modelo educacional tradicional e suas consequências para nossas vidas, naturalmente nascem em nossas mentes alguns questionamentos: como podemos fazer diferente, como educar de uma maneira diferente da qual fomos educados?
“Sinta sua alma, escute seu coração” – Rudolf Steiner.
Observemos como a criança aprende: o aprendizado envolve curiosidade, interesse, vontade; é natural nos indivíduos. Matamos a capacidade de questionamento do indivíduo quando lhe fornecemos respostas pré-fabricadas... O que é mais interessante, entender ou apenas repetir o que nos dizem que é o correto?
“O que temos que aprender, nós aprendemos fazendo” – Aristóteles.
Nos “novos” modelos educacionais, a arte (pintura, escultura, teatro, música, etc.) e a “mão na massa” tem papéis fundamentais. A educação integral implica uma visão holística, ou seja, uma visão abrangente do conhecimento e evolução da criança, e não uma fragmentação do conhecimento em N matérias. Se a criança não pode avançar em uma matéria, então que avance em outra, como um curso d’água que encontra uma pedra e desvia.
Além disso, há modelos que não separam as crianças por faixas etárias em salas de aula, baseando-se, para isso, na história da humanidade, pois as crianças sempre tiveram convívios intergeracionais, convivendo ao mesmo tempo com os irmãos mais novos e mais velhos, com os pais e os avós, e com a comunidade. Hoje esse convívio parece cada vez mais distante, com a tendência de nos fecharmos em nossas casas e nossos condomínios, com medo do fantasma da “violência”. Uma escola pouco vinculada às famílias é uma escola que tende a se fechar em si mesma, e que não tem relação com o mundo das crianças.
O desenvolvimento dos indivíduos envolve também liberdade para tomar decisões; é importante incentivar os alunos a tomar decisões coletivas; os professores facilitam as discussões, mas as decisões são tomadas pelas crianças. Eles não impõem, mas propõem e auxiliam a criança a ser um adulto que tomará suas próprias decisões; pois, como esperamos criar um adulto que tome decisões sobre sua vida e a vida do país, se estamos sempre decidindo por ele?
A educação necessita liberdade, para alunos e também para professores. No modelo educacional prussiano que seguimos (ver texto “A educação proibida 1”), os professores também são vítimas, junto com os alunos. Para executar essa tarefa primordial que é a educação, o professor precisa estar feliz! Uma pessoa está bem consigo mesma quando não tem pendências com o passado, com seus pais, quando não tem que provar nada a ninguém.
Qualquer educação deve ser baseada na alegria; em contraposição à competição, concorrência, ganância e consumismo do modelo tradicional, trabalhemos e auxiliemos as crianças a desenvolverem o amor, a confiança, a cooperação e a aceitação pois, a idéia mais revolucionária que existe é tentar fazer as outras pessoas felizes. Uma educação para a felicidade não criará profissionais para o mercado de trabalho, mas pessoas para a vida.
A seguir estão algumas informações bastante resumidas sobre alguns “novos” métodos de educação, e na bibliografia todas as fontes pesquisadas. Veja os documentários “A educação proibida” e “Quando sinto que já sei”, e compartilhe-os!!
Método Montessori:
“Nunca ajude uma criança em uma tarefa que ela sente que pode realizar sozinha” – Maria Montessori.
O Método montessoriano, da educadora Maria Montessori (1870 a 1952) trabalha a evolução da criança cuidadosamente; cada aluno assume sua obrigação de responder pelos próprios atos no “aprender”. Maria adotou o princípio da auto-educação, que consiste na interferência mínima dos professores, pois a aprendizagem teria como base o espaço escolar e o material didático.
O saber não é “enfiado na cabeça” do aprendiz por um professor que é o foco das atenções, mas é construído pelo aluno com o apoio de livros e objetos didáticos, que incitam seus aspectos sensórios, motores, racionais e intelectuais. O professor é o mestre que examina atentamente o comportamento e o desenvolvimento das crianças, estimulando-as a buscar o saber de forma criativa, prazerosa e lúdica, e conduzindo-as em direção ao conhecimento, solucionando dúvidas e questionamentos.
Neste processo dinâmico, liberdade e disciplina se equilibram, não sendo possível conquistar uma sem a outra. Entre suas inovações destaca-se a construção de um ambiente escolar próprio para a infância, distinto do universo adulto, no qual os infantes não se encaixam.
Método Pestalozzi
"As faculdades do homem tem de ser desenvolvidas de tal forma que nenhuma delas predomine sobre as outras" – Pestalozzi.
Johann Heinrich Pestalozzi, suíço (1746 a 1827), expõe sua didática pedagógica no livro publicado em 1801, “Como Gertrudes ensina suas crianças”. No método Pestalozzi, o ensino deve levar as crianças a desenvolverem suas habilidades naturais e inatas, já que a criança se desenvolve de dentro para fora (idéia oposta à de que a função do ensino é preenchê-la de informação). O professor é como um jardineiro, que deve providenciar as melhores condições externas para que as “plantas” sigam seu desenvolvimento natural, pois a semente traz em si o projeto da árvore toda.
Um dos cuidados principais do professor deve ser respeitar os estágios de desenvolvimento pelos quais a criança passa, dar atenção à sua evolução, aptidões e necessidades, de acordo com as diferentes idades. O amor deflagra o processo de autoeducação, e o aprendizado é conduzido pelo próprio aluno, com experimentações práticas e vivências intelectuais, sensoriais e emocionais. O processo educativo deve propiciar uma formação tripla: intelectual, física e moral.
Pestalozzi não acreditava em julgamento externo. Por isso, não havia notas, provas ou castigos em suas escolas. A disciplina exterior era substituída pelo cultivo da disciplina interior.
Pedagogia libertadora
"Todo ato de educação é um ato político" – Paulo Freire.
A pedagogia libertadora, ou pedagogia da libertação faz parte dos postulados centrais de Paulo Freire, brasileiro (1921 a 1997), a qual é conhecida e pesquisada em diversas universidades ao redor do mundo. Propõe uma educação crítica a serviço da transformação social, e nela os alunos são alfabetizados com as palavras que usam no dia-a-dia, sempre associando o processo de alfabetização com a vida.
Paulo Freire rejeita o uso da cartilha na alfabetização, defendendo e incentivando o posicionamento do adulto não alfabetizado no seu contexto real. Assim, é possível acordar a consciência do aluno para que ele seja capaz de exercer seu papel de cidadão e se habilitar a revolucionar a sociedade. O letrado pode ir além da simples esfera do conhecimento de regras, métodos e linguagens, e ser então inserido na esfera sócio-econômica e política de onde foi excluído.
Pedagogia crítica
A pedagogia crítica é uma filosofia educacional influenciada por Paulo Freire e Antonio Gramsci, político e pensador marxista italiano, descrita por Henry Giroux como "movimento educacional guiado por paixão e princípio, para ajudar estudantes a desenvolver consciência de liberdade, reconhecer tendências autoritárias, e conectar o conhecimento e o poder à habilidade de tomar atitudes construtivas".
É um processo contínuo de desaprender, aprender, reaprender, refletir e avaliar o impacto que essas ações tem sobre os próprios alunos. Promove hábitos de pensamento que vão além do significado superficial das coisas, seja uma ação qualquer, seja uma informação veiculada na mídia de massas.
Pedagogia Waldorf
“Eu quero aprender, eu quero trabalhar. Eu quero trabalhar aprendendo, eu quero aprender trabalhando” – Rudolf Steiner.
Rudolf Steiner, austríaco (1861 a 1925), desenvolveu a agricultura biodinâmica, medicina antroposófica, pedagogia Waldorf, entre outros. A base da pedagogia é o desenvolvimento de cada ser humano ser diferente entre si; assim, o ensino deve levar em conta as diferentes características de cada pessoa, nomeadamente segundo a idade aproximada, mas não só. Para atingir a formação do ser humano, atua no desenvolvimento físico, anímico e espiritual do aluno. Uma das características marcantes é não exigir do aluno, ou cultivar precocemente, o pensar abstrato (intelectual).
Rudolf Steiner foi pioneiro em aliar o processo de reencarnação de cada indivíduo à pedagogia: a educação e ações atuais acarretarão em projeções para outras vidas... o aluno teria o desejo de se desenvolver ainda mais para agilizar seu processo evolutivo.
Bibliografia:
Documentário “A educação Proibida”, disponível no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=-t60Gc00Bt8 (o documentário se inicia a partir de 3 minutos e 20 segundos).
Documentário “Quando sinto que já sei”, disponível no YouTUbe: Documentário Quando sinto que ja sei: https://www.youtube.com/watch?v=HX6P6P3x1Qg&feature=youtu.be
Reportagem sobre o “Quando sinto que já sei”: http://porvir.org/porfazer/mudar-escola-quando-sinto-ja-sei-conta-como-e/20140807
Projeto “Educação fora da caixa”: https://www.youtube.com/watch?v=yQrR6u0EhuI
Método Montessori: http://www.infoescola.com/pedagogia/metodo-montessoriano/; http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Montessori
Método Pestallozzi: http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/pestalozzi-307416.shtml
Pedagogia libertadora: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedagogia_libertadora; http://www.infoescola.com/pedagogia/metodo-de-educacao-libertadora/
Pedagogia crítica: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedagogia_cr%C3%ADtica
Pedagogia Waldorf: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedagogia_Waldorf