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Foto do escritorOs Antípodas

Nova era

Atualizado: 15 de abr. de 2020


Durante a gestação, o bebê vive nove meses no conforto do ventre de sua mãe, recebendo o alimento necessário para o seu desenvolvimento. Tranquilo, vai crescendo, adquirindo resistência, força, reflexos... mas todo esse preparo acontece para que, no momento certo, ele venha ao convívio de seus pais. Sempre haverá o momento em que a mãe natureza o lançará para a vida, para o mundo, para o novo... enfim, será exposto a uma nova realidade, muito diferente da que conhecia, e a uma outra experiência... A comodidade e facilidade das quais tinha conhecimento lhe serão retiradas, e ele terá que aprender por si só a respirar, a andar, a falar...

É com essa descrição que dou início ao meu relato pessoal. É chegada minha hora de “nascer” novamente. Encontro-me em uma zona de conforto e segurança da qual quero sair. Já não quero mais viver na placenta em que me encontro, nem respirar através de trocas gasosas tão cômodas. Quero aprender a respirar por mim mesma, sentir o novo ar entrar pelos meus pulmões e promover seus benefícios.

Talvez possa pensar que este meu renascer seja um pouco tardio, mas acredito que ele acontece na hora exata. Confesso que gostaria de ser “prematura” como muitos que, com coragem e ousadia, se lançam na vida sem medo do que ela tem a oferecer, mas talvez eu não estivesse preparada para tal empreitada. Hoje também não sei se estou, mas a coragem que me impulsiona me dá forças que não sei explicar. Ou talvez saiba...

O nascimento. Fonte: arquivo pessoal.

Sempre me disseram que existe um momento em nossa s vidas em que temos que escolher... um click temporal, que nos coloca diante de uma escolha. Seria a escolha do caminho para o nosso futuro? Não sei. Confesso que nunca entendi muito bem, e, talvez por isso, em diversos momentos, me senti um pouco alienada desse mundo. Afinal, a escolha é diária! Escolhemos a cada instante... desde o que comer, o que beber, até em que crer ou o que fazer ou a que se dedicar...

Mas não deixava de me questionar se eu já havia ou não passado por tal situação... pensava em minha vida, meus planos, sonhos... e não conseguia identificá-la. Hoje talvez possa estar diante dessa situação... não sei... na verdade, acho que somos colocados diariamente diante deste click temporal, mas muitas vezes, cegos, surdos e mudos, ou simplesmente indiferentes, não lhe damos a devida importância, ou não queremos dar. Estamos cercados de “influências” que tendem a querer justamente nos afastar daquilo que somos e queremos realmente.

Ah... o Querer!!! Verbo que significa ter intenção ou vontade de; Consentir, permitir; Aspirar a; desejar, pretender; Precisar de; Ter afeto ou amizade a; Ter força de vontade. Em inglês, é meu verbo predileto “I Want to”...eu quero e desejo tantas coisas, fico muitas vezes perdidas em meus anseios, mas não os ignoro, pois são eles que me levam para a frente, para o novo nascer...

É chegado meu momento, minha hora, minha Nova Era. Quero desbravar a vida com a mesma intensidade que um bebê luta para nascer; sair da faixa de conforto em que me encontro, aprender a andar, a respirar por mim mesma. Sei que haverá momentos difíceis, assim como há agora. Sei que a distância daqueles que amo estará sempre presente, mas estarão sempre pertinho de mim, dentro do meu coração.

O desconhecido, o incerto, o novo traz um sentimento que não é comum. Acomodados com as certezas, nós nos tornamos pessoas prisioneiras de nós mesmas, privadas do real. Seguimos iludidas com medo de arriscar... eu compreendo e respeito isso, pois todos temos um momento, um tempo...

Para mim, esse nascimento é algo que desafia, que me encanta e me impulsiona. Viver sob um novo paradigma é extremamente excitante e provocador. Portanto me lanço, sem saber ao certo aonde vou chegar, mas seguindo, levando sempre meu sorriso e muito amor, tendo a esperança como companheira e acreditando na transformação.

Abrindo mão de uma carreira que para muitos possa ser considerada como sólida, estável e segura, vou na contramão da grande maioria. Quero me dedicar ao trabalho voluntário, à doação, à entrega. Desejo voltar minhas ações para o social e comunitário, ajudar quem precisa, contribuindo para um mundo mais justo e mais solidário. Quero saborear o saber, alimentar meu corpo e alma. Afinal, o saber deriva da palavra sabor e é com este saber sabor que pretendo me alimentar. Aprender, conhecer, experimentar, vivenciar novas técnicas que possibilitem benefícios àqueles menos favorecidos... e a mim mesma.

Escrevi este texto dentro de uma agência bancária, enquanto aguardava para ser atendida pelo gerente. Estava a caminho de fechar minha conta, assim como fechar uma etapa da minha vida. Saí do meu emprego, abandonei uma carreira estável e os benefícios de um concurso público e fui viver no TIBÁ como aprendiz, onde permaneço até hoje.

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